terça-feira, 30 de março de 2010

Negoka'apor - Negoka'apor


#Negoka'apor - Negoka'apor#

01 Intro / Queimadas
02 Água na alma seca
03 O encontro de Chico Mendes e Lampião no dia de São Sebastião
04 Maria de Jesus
05 Deus S/A
06 Desafiando a lei
07 Desafiando a lei (as palafitas)
08 Bateu um branco
09 Sangue de fé
10 Reanil
11 Sound system da pesada
12 Encanto

.:: O SOM DO MANGUE
Eduardo Júlio – poeta e jornalista


“quem quer ser universal, que cante a sua aldeia”. Esta frase atribuída ao escritor russo Leon Tolstói, é análoga ao som da Negoka’apor, sem dúvida a mais criativa banda surgida no cenário musical de São Luis, nos últimos dez anos, que finalmente nos oferece o primeiro CD.
Como o próprio nome indica, o grupo tem um pé na raiz, na ancestralidade dos povos que compuseram a cultura do Maranhão, do Brasil. Negro, índio e o branco oculto. Assim, os ritmos timbiras estão todos reunidos no caldeirão musical da NegoKa’apor: tambor de crioula, mina, bumba-meu-boi e toques indígenas da mata morena. Tudo isso, mesclado à sonoridade universal do soul, do rock e do reggae, porque o grupo nasceu nas entranhas do mangue da Ilha, mas está com os olhos fixos no mundo.
E essa alquimia, nunca dantes apresentada com tanta eficiência, já era aguardada com ansiedade por nós, desde os tempos em que freqüentávamos um tambor dominical lá pelas bandas da Madre Deus. E não demorou muito, porque no ano 2000 apareceu batizado por caboclos e erês, o grupo Som do Mangue, que hoje é Negoka’apor.
Se há semelhanças com os primos de Recife? Sem dúvida, mas a afinidade acontece no campo ideológico, porque os ingredientes e o tempero sonoro, como já expliquei, são genuinamente maranhenses. E antes que eu me esqueça, tem a poesia do vocalista Beto Ehongue, que atuado no palco, dança como um pajé, destilando uma verborragia repleta de oferendas a deuses e de repente, profeta, propõe um mundo melhor, mais harmônico, pronto pro convívio entre os povos, as raças e as crenças. “canta o negro, canta o índio pro dia amanhecer/canta o negro, canta o índio no terreiro de Nochê”...
Agora ouça, cante e dance ao som de “Maria de Jesus”, “Deus S/A”, “Encanto”, “Desafiando a Lei”, “Sangue e Fé” e tantas outras que serão clássicas num futuro próximo, referências de um tempo de festa alegre na taba urbana. Que desça aqui o mundo, porque a Negoka’apor está em São Luis.


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